[:pt]FCT aposta na interdisciplinaridade[:]
[:pt]“Pensar a ciência portuguesa num contexto europeu” é a máxima que regula a ação dos próximos anos da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), que deverá apostar no financiamento de projetos interdisciplinares. Quem o afirma é Miguel Seabra, presidente da Fundação, que no dia 26 fez a apresentação das Linhas de Ação da FCT no Salão Nobre do Instituto Superior Técnico.
A FCT vai reger-se nos próximos anos de acordo com os pilares estabelecidos pelo Horizon 2020, que estipula o financiamento europeu para a investigação e o desenvolvimento: por um lado, fomentar a “Ciência de Excelência”; por outro, consolidar a “Liderança Industrial”; finalmente, responder aos “Desafios Societais” do mundo em que vivemos.
Ao longo de pouco mais de uma hora, o presidente da Fundação explicou as linhas gerais que, a partir destes pilares, regularão a FCT no futuro. Tendo sempre como plano de fundo a análise do que tem acontecido com os projetos financiados nos últimos anos, Miguel Seabra lembrou que é necessário aumentar a competitividade dos centros de investigação, estruturando-os de forma mais rentável e fomentando a sua relação com empresas. Por outro lado, acrescentou a necessidade de promover a interdisciplinaridade dos projetos, que devem tornar-se temáticos e tratar de problemas específicos.
Nesse contexto, foram apontadas seis grandes áreas de preocupação na Europa, sobre as quais a FCT deverá debruçar a sua atenção: o envelhecimento da população, as energias renováveis, as alterações climáticas, a mobilidade, a segurança alimentar e as sociedades inclusivas. Para isso, também a avaliação dos projetos será alterada, passando agora a caber a painéis interdisciplinares.
Outra mudança para os próximos anos será o desvio de parte dos fundos das bolsas individuais tradicionais para Programas Doutorais, cujo regulamento está ainda em finalização e será conhecido ainda este ano.
Relembrando o sucesso do programa “Investigador FCT”, cujo concurso para 2013 deverá ser lançado já em janeiro, mas também alguns problemas que têm dificultado o trabalho da Fundação – como uma tradição de baixa execução de projetos e a irregularidade na utilização do financiamento – Miguel Seabra concluiu a apresentação sustentando que é necessário trazer uma maior parcela de financiamento europeu para Portugal, fazendo com que o país condicione as grandes infra-estruturas e estratégias internacionais.
À apresentação seguiu-se um animado debate, com muitos investigadores a tomarem a palavra para expressarem as suas preocupações com o modo de financiamento da FCT, que tem causado graves problemas de tesouraria nos centros de investigação, e com a definição dos novos programas doutorais.[:]