Valores Próprios

[:pt]Tomar o destino nas mãos[:]

[:pt]Leia, desde já, o Editorial da nova edição da Revista Valores Próprios, da autoria do professor Luís Caldas de Oliveira, vice-presidente do Técnico para o Empreendedorismo e Relações Empresariais.

Tomar o destino nas mãos

Quando assistimos à liquidação de grandes empresas pela ação irresponsável de uns poucos, não podemos deixar de pensar se, individualmente, não contribuímos de alguma forma para a situação ou se poderemos reduzir a probabilidade de repetição de tais atos.

O excesso de poder advém muitas vezes da própria vontade dos subordinados em deixarem o seu destino em mãos alheias. O receio do desconhecido faz-nos acreditar que outros decidirão melhor do que nós em questões importantes para o nosso futuro.

É por isso relevante a seguinte questão: o Técnico dá aos seus alunos todos os instrumentos que necessitam para tomarem o seu destino nas suas próprias mãos?

Todos os anos entram no Técnico uma grande parte dos melhores alunos de física e matemática do país. A formação oferecida pelo Técnico a estes alunos não pretende que apenas saibam pensar, analisar e encontrar soluções para problemas, mas que, como engenheiros, consigam também usar as suas competências para fazer e agir.

É a qualidade dos alunos e do corpo docente do Técnico em conjunto com a capacidade de fazer e agir que está retratada nesta edição da “Valores Próprios”. Há cada vez mais alunos, antigos alunos, investigadores e professores do Técnico envolvidos na criação de novas iniciativas empresariais, fruto da redução das barreiras de entrada em novos negócios.

Os investimentos iniciais em novas empresas, com potencial de atingir o mercado global, passaram dos milhões para as dezenas de milhares de euros. Conhecem-se agora novas formas de desenvolvimento de negócios, como o “Lean Startup”, que reduzem os riscos de insucesso pela validação permanente das opções. Sabemos também que é normal não acertar à primeira, mas que os insucessos são as bases de futuros sucessos: experimentar este modelo de iterações sucessivas é uma forma de vencer o medo do insucesso e da falência.

É também conhecido que uma startup não é uma empresa em ponto pequeno, onde se repetem processos estabelecidos, mas um laboratório onde se procuram novos processos que possam ser escalados para o mercado global. Neste ambiente de incerteza constante, nem todos os ensinamentos tradicionais de gestão de empresas são úteis: é mais importante ser capaz de alterar o produto ou serviço em função das respostas do mercado.

Apesar de tudo isto não continuaremos no Técnico amarrados fundamentalmente à alternativa entre a carreira profissional e a de investigação?

Uma escola de engenharia de nível internacional como o IST precisa de que os seus alunos, professores e investigadores pratiquem os processos de desenvolvimento de novas ideias de negócio. Tal como na Física, também aqui é essencial o ensino experimental: é necessário sair do edifício para falar com potenciais clientes ou parceiros.

Experimentando a montanha russa que é a vida do empreendedor é possível reduzir o medo do insucesso. Precisamos de mais unidades curriculares onde os alunos possam experienciar o processo de levar para o mercado um produto, incluindo a realização de protótipos. Os professores e investigadores devem participar em programas de aceleração de inovação para valorizar das suas tecnologias face às necessidades de potenciais utilizadores ou clientes.

A mudança tecnológica é atualmente conduzida por novas empresas que exploram novas ideias e novas tecnologias. Portugal não pode fugir a esta realidade principalmente numa altura em que vemos desmoronar grandes empresas que foram há bem pouco tempo tidas como referências e motores para o crescimento da economia.

O domínio das tecnologias juntamente com o domínio dos processos para as levar até ao mercado dará aos nossos alunos a confiança de terem o seu destino nas suas próprias mãos.

Luis Caldas de Oliveira Vice-Presidente para o Empreendedorismo e Ligações Empresariais[:]

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