Valores Próprios

[:pt]A Qualidade dos Alunos do Instituto Superior Técnico – Arlindo Oliveira[:]

[:pt]Leia, desde já, o Editorial da nova edição da revista Valores Próprios, da autoria do professor Arlindo Oliveira, presidente do Técnico.

A Qualidade dos Alunos do Instituto Superior Técnico

A qualidade do Instituto Superior Técnico deve-se a muitos fatores, entre os quais são de destacar o nível do seu corpo docente, a qualidade dos seus laboratórios e a cultura de excelência que desde sempre caracterizaram a Escola. Porém, a característica que é verdadeiramente única e que distingue o IST de outras escolas similares no país, e o eleva ao nível das melhores referências internacionais é sem dúvida a qualidade dos seus alunos.

Desde muito cedo que o Técnico foi a escola preferida pelos melhores e mais dinâmicos candidatos ao ensino superior, na sua área de atuação. Com o passar das décadas, porém, o IST veio a afirmar-se de forma clara como a Escola onde são formados os melhores engenheiros e cientistas. Esta afirmação da Escola como uma instituição de elite atrai, por seu lado, ainda melhores alunos, num círculo virtuoso que representa, em minha opinião, a maior força do IST.

Aos alunos que, nos primeiros anos do Técnico, têm dificuldades em terminar com sucesso todas as disciplinas, e que se veem obrigados a trabalhar duramente durante semanas a fio para conseguir progredir, é importante dizer que isso acontece porque estão na mais exigente escola de engenharia do país, aquela que mais exige aos seus alunos. Em outras instituições, menos exigentes, o progresso seria seguramente mais fácil e os resultados positivos bem mais acessíveis. Mas é justamente a este nível de exigência, associado à qualidade inata dos seus alunos, que se deve a perceção de que os graduados do IST são os melhores profissionais das suas respetivas especialidades, uma vez integrados no mercado de trabalho.

Apesar desta cultura de excelência, é fundamental que a Escola não faça exigências inaceitáveis aos seus estudantes, como por vezes parece acontecer, nem estabeleça padrões inatingíveis de desempenho que tenham como consequência que alunos que seriam de topo noutras escolas tenham dificuldade em terminar os seus cursos. A matéria prima com que se trabalha no Técnico (os seus alunos) é demasiado preciosa para não ser aproveitada, transformada, educada e injetada no tecido produtivo, onde irá contribuir para o desenvolvimento de Portugal.

Tenho também a certeza que os alunos que agora passam pelo IST, passagem esta que tanto influenciará a sua vida futura, recordarão com saudade estes tempos, e não deixarão de contribuir, à sua maneira, para que o Técnico continue a desempenhar a função de educar os futuros líderes do país. É responsabilidade de cada um de nós retribuir à Escola e à Sociedade a importante contribuição que foi dada para a nossa formação. Só assim o IST continuará a desempenhar a missão para que foi criado, nas palavras do seu fundador, “a de fornecer ao País engenheiros que possuam não só o saber, mas também as qualidades necessárias para que, prosperando na vida profissional, contribuam ao mesmo tempo para o nosso progresso económico”.

Arlindo Oliveira, Presidente do IST[:]

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14 Comentários em “[:pt]A Qualidade dos Alunos do Instituto Superior Técnico – Arlindo Oliveira[:]”

  1. Edson xavier diz:

    Quero conhecer mais esta instituicao tenho 45 anos e quero cursa engenharia de minas ( Geologia ) vivo em londres,tenho segundo grau completo e cursei escola tecnica no Brasil (SENAI) o pouco que ja vi desta conceituada intituicao me agrado muito.

  2. André diz:

    Excelente artigo, pena que o IST, juntamente com a ordem dos engenheiros, se desliguem completamente do aluno a partir do momento em que se torna alumni, há milhares de ex alunos a irem embora do pais, não porque querem mas porque tem que ser, há outros milhares a receber ordenados ridículos (ordenado mínimo) e há milhares agarrados temporariamente a estágios profissionais condenados a dar lugar a outros passado um ano. Já para não falar dos muitos que já nem emprego conseguem arranjar…
    Claro que se poderá dizer que a grande culpa é da situação económica e financeira do Pais….verdade, mas uma das instituições mais poderosas e com tanta influência na vida do pais deveria ter outra palavra a dizer, bem como a ordem dos engenheiros, que é apenas uma instituição elitista que não auxilia certamente quem mais necessita.

    • Sofia Cabeleira diz:

      Bom dia André, ao contrário do que refere no seu comentário o Técnico entende ser muito importante a relação com os seus alumni. Nos últimos anos tem vindo a dinamizar iniciativas para trazer de novo os alunos à escola, sendo que a adesão a essas iniciativas tem sido diminuta. Claro que o Técnico não desiste e procura novas formas de manter a ligação aos seus alumni. Neste momento temos a revista Valores Próprios como canal de comunicação privilegiado, estamos a pensar uma série de conferências por antigos alunos, programas de coaching de alumni com alunos que ingressam no Técnico e estamos sempre recetivos a novas ideias.

      O meu nome é Sofia e trabalho no GCRP. Estou à disposição para qualquer informação ou simplesmente para troca de ideias.

      Obrigada pelo seu comentário.
      scabeleira@tecnico.ulisboa.pt

  3. João diz:

    Sofia Cabeleira,

    Se o “Técnico” entende ser muito importante a relação com os seus alumni e a adesão destes é diminuta, então algo está errado. Esse é o problema do Técnico. Um enorme desligamento da realidade.

    Em relação a preparar os alunos para o mercado de trabalho, também deixa muito a desejar. Muito mesmo. Perco a conta à quantidade de alunos que não sabiam:
    – quais as diferentes opções de saída profissional (além das óbvias e conhecidas);
    – quais os timings de recrutamento de cada indústria ou tipo de empresa;
    – como fazer um CV;
    – como fazer uma apresentação oral
    – como vestir ou agir num ambiente profissional;
    – como fazer um powerpoint decente (essencial no mundo real);
    – utilizar ferramentas avançadas de excel (essencial no mundo real);
    – etc. etc. etc.

    Por fim, uma das mais importantes falhas, que diminuiria ou resolveria na raíz grande parte das falhas do Técnico na aproximação dos alunos à “realidade”, é o calendário escolar e curricular.
    CALENDARIO ESCOLAR – Época de exames em Julho dificulta ou não permite estágios de verão. Esses estágios dão a maturidade e “awareness” do mercado de trabalho que muitos alunos não têm após 5-6 anos de Técnico.
    CALENDARIO CURRICULAR – Tese de mestrado (época normal, no 2o semestre) entregue e defendida após Setembro. Isso tem 3 consequências muito negativas:
    1) uma grande quantidade de alunos não procure emprego para início em Setembro (porque tem a tese para terminar);
    2) uma enorme quantidade de alunos não pode procurar ou aceitar empregos no estrangeiro porque ainda tem a tese para terminar;
    3) muitos alunos que começam a trabalhar em Setembro não conseguem terminar a tese a tempo e prejudicam todo o seu primeiro ano de trabalho. Outros, no mínimo, têm os seus primeiros e importantes meses de trabalho afetados por essa pendência chamada tese.

    Poderia também entrar pelo ridículo que é tratar 100% dos alunos como potenciais alunos de PhD (teses teóricas), pelo menos no meu curso, em vez de os deixar fazer estágios e trabalhos em empresas, avaliando os seus relatórios de estágio ou trabalho da mesma ou adaptada forma.

    Concluindo, o Técnico (e outras instituições) prepara crianças, não prepara adultos. Evidência disso é a Portugal Telecom ter de investir o primeiro mês dos trainees em formações de excel, powerpoint, técnicas de comunicação e gestão de conflitos.

    • Marco diz:

      João,
      Verifico que não estiveste no Tec e muito menos em qualquer Universidade. Se não sabes fazer powerpoints e formulas basicas de excel ( mesmo em vba ), então pertençes ao mundo dos invejosos. Que tal, depois da terapia, ires dar a volta ao mundo ?

  4. André diz:

    Cara Sofia,

    Agradeço a resposta ao comentário, mas como deverá calcular, não respondeu nem apresentou qualquer argumento assertivo relativamente ao que eu referi, não é de certeza a revista valores próprios nem convidarem os alumni para vir fazer apresentações que vai mudar a minha opinião.
    A influência do IST na Ordem dos Engenheiros deveria ser completamente diferente, é uma vergonha a Ordem admitir que hajam centenas de engenheiros desempregados e outros tantos a saltar de estágio em estágio ou com contractos quase de ordenado minímo, compactuar com isto sem nada fazer é simplesmente ridículo, e nunca nos meus anos (6) de Técnico mais dois de bolseiro de investigação vi isto discutido em local certo.

    O IST pela fama (e uma fama completamente justificada, acho sem dúvida que formamos profissionais de extrema qualidade) deveria garantir que em Portugal ou no Estrangeiro os seus alunos são colocados em condições “mínimas” para alguém que se formou onde se formou…E vejo cada vez mais gente a ficar para trás…E lamento, mas a jobshop, por mais bem constituída ou organizada que seja não é suficiente.

    Se o IST quer ser de topo em tudo tem que assegurar que ao fim de 6 meses a 1 ano os seus alumni estão colocados e bem colocados, se não para que no serve sermos os mais bem formados do País e dos mais bem formados da Europa?

  5. Carla diz:

    Subscrevo e concordo em quase tudo com o que o João e o André escreveram. Repudio os comentários gratuitos e básicos do aluno Marco…

  6. Mário Barbosa diz:

    Querem mais participação dos alumni e que os mesmos (ou outros) voltem à escola? Tirem o “rei da barriga” e comecem a dar aulas à noite! Por outras palavras, respeitem quem quer (ou precisa de) trabalhar enquanto estuda (ao invés do que se passa agora, trabalhador-estudante ser tratado como cidadão de segunda).
    Conferências e e outras iniciativas são “conversa para boi dormir” (perdoe-me a expressão que aprendi com um familiar ex-emigrado no Brasil, não procuro ofender ninguém, mas tenho de chamar as coisas pelos seus nomes).

  7. João diz:

    O problema que vi nos meus colegas e eu próprio senti foi o facto de muitas vezes o técnico não corresponder às espectativas dos alunos. Aproveita-se uma pequena fração da património intelectal que todos os anos entra na instituição . Há muitos alunos que estão vários anos em modo robot, muitas vezes devido ao problema dos objectivos inatingíveis que o professor Arlindo refere no texto.Chega-se muitas vezes a encher os alunos de trabalhos super complexos e trabalhosos (mas pouco pedagógicos) durante o semestre e depois os professores têm de fazer exames fáceis ou então não passa ninguém, porque não houve tempo para estudar ou por esgotamento mental. Alguns alunos ao acabar o curso não conseguem sair deste modo “robot”, outros conseguem mas todos ficam afectados de uma maneira ou de outra. O pior foi que não há maneira acessível de contribuir para inverter esta maneira de fazer as coisas. As avaliações aos professores são limitadíssimas e pouco mais servem que mostrar se os alunos gostam ou não de um determinado professor.

  8. Nuno diz:

    Depois de ler os comentários aqui tecidos não podia não deixar a minha opinião.

    Já participei, como aluno e como organizador, em vários eventos, não organizados pelo IST em si mas por Núcleos ou pela a AE e penso que as críticas que aqui se fazem relacionam-se com falta de informação.

    Em relação ao meu curso, Electrotecnia, temos todos os anos as Jornadas, que decorrem durante uma semana e trazem muitas empresas interessadas em contratar alunos de MEEC (entre outros) ao técnico. Por dois anos consecutivos em que participei fiquei verdadeiramente desapontado com a adesão porque apesar de toda a gente saber que existem ninguém procura qualquer informação e palestras de empresas em que estas explicam o seu funcionamento e recrutamento, painéis de ex-alunos, de professores e mesmo da ordem estão ano após ano vazios.
    Fui a alguns, aos quais tinha interesse, e garanto-vos que existiu sempre receptividade da parte de todos para tirar dúvidas, muitas das quais são mencionadas aqui como informações que não são passadas (como timings de recrutamento).
    Para além disso também ocorrem durante o evento workshops muito interessantes e que acabam mais uma vez por não ter a adesão que se espera, principalmente pelas várias opiniões que se ouvem (semelhantes às aqui presentes). Para dar um exemplo no ano passado existiu entre outros um workshop dado pela Everis, se não estou em erro, cujo o objectivo era preparar para entrevistas de emprego.

    Assim como nas JEEC também os eventos organizados pelo GEFE (gabinete de emprego, formação e empreendedorismo da AEIST) têm habitualmente. O ano passado ocorreram vários workshops, com temas relacionas com construção de CV, linkedin, comportamento em entrevistas, etc… Infelizmente alguns destes chegaram a ser cancelados devido à falta de adesão dos alunos.

    Dito isto, e sabendo que muitas vezes o problema se encontra na divulgação, acho que tanto os alunos como os ex-alunos (a maioria dos eventos são abertos a ambos) que têm interesse conseguem sem dúvida encontrar essa formação. Na minha opinião existem demasiadas pessoas que caso não seja para avaliação não fazem, e não falo apenas do IST, e são estas (generalizando obviamente e peço desculpa às excepções) que habitualmente se vêm queixar.
    Sempre fui da opinião que se não concordamos com o que é feito devemos fazer algo por isso pelo que tal como a Dra. Sofia Cabeleira deixo aqui os contactos dos organismos que conheço que teriam todo o gosto em fazer mais no sentido de resolver este problema:
    http://www.aeist.pt/Pub/pt/EmpregoFormacao/GEFE
    geral@jeec.ist.utl.pt

    Com os melhores cumprimentos

  9. Rui Filipe da Ressurreição Martins diz:

    Sem querer efetuar juízos de valor sobre o funcionamento do Técnico, apenas quero dizer o seguinte:tenho um filho a estudar no Técnico atualmente e posso testemunhar a desumanização cada vez maior para com os alunos,ausência de respeito ao estabelecerem-se calendários de provas e trabalhos sem qualquer preocupação pedagógica!Haja algum bom senso e deixem de pensar nos alunos como números.

  10. Ruth Valle diz:

    Li com atenção as palavras do Senhor Engenheiro Arlindo Oliveira, na qualidade de Presidente do IST à data em que foram publicadas e pensei que, entre outras coisas, tivessem por objectivo conciliar as partes (alunos e docentes), sendo no entanto uma chamada de atenção a uns tantos, destes últimos, que permaneceram em “modo “robot”” (alguns crânios bem avariados) e outros, simplesmente mauzinhos (ou porque os senhores investigadores não querem ter essa massada das aulas e fazem “exigências inaceitáveis, estabelecendo padrões inatingíveis de desempenho”, ou simplesmente devido a uma enorme lacuna na área da formação pedagógica. Porém, na qualidade de mãe de um aluno, subscrevo inteiramente a opinião do pai Rui Filipe da Ressurreição Martins.

  11. Manuel diz:

    Alguém que passa 5 anos ou mais a tirar um curso de engenheraria na faculdade de topo do país, uma faculdade que preza a autonomia e a capacidade de acção das pessoas; para depois revelar que não consegue fazer um CV (algo que se aprende em 10mins no google), então lamento informar mas.. deviam mesmo entregar os canudos porque devem ter feito o curso por acaso e às apaldadelas, para não dizer pior.

    Um aluno do IST deve ser capaz de fazer CVs, powerpoints, excels, relatorios, apresentações, batatas fritas ou até ovos estrelados. Se não sabe, sabe como aprendê-lo rápido.

    Obra, Engenho e Arte!

  12. Francisco diz:

    Manuel, se há alunos que não sabem fazer CVs, certamente a culpa não é do IST. Aliás, nem tem que ser o IST a ensinar isso. A Internet serve para alguma coisa afinal… Quanto aos powerpoints, existe uma cadeira que ensina a fazê-los como deve ser. Nem todos a terão porque é dada em Mestrado e numa área específica. Quanto a “técnicas de comunicação e gestão de conflitos”, pelo menos no meu curso, Engenharia Informática, do ponto de vista técnico, não é muito relevante. E de qualquer forma, há imensos trabalhos de grupo e essas skills têm que ser desenvolvidas de qualquer forma. No entanto tenho que concordar que a distribuição de trabalho não é de todo justa, levando por vezes quase a um esgotamento cerebral…