Valores Próprios

[:pt]O Técnico dos mais pequenos II[:]

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“Três… dois… um…”: a Alameda do Técnico mantém-se em silêncio. Estamos no final da primeira semana do Verão na Técnica, e todos os estudantes do secundário que passaram os últimos dias no IST estão reunidos para assistir ao lançamento dos mini-foguetões que construíram.

Durante a semana, construíram não só os foguetões, mas também planadores, barcos a vapor e rádios; descobriram criminosos através do estudo de fungos e do ADN; aprenderam a cifrar e decifrar mensagens e testaram pontes feitas de rolhas e palhinhas. Na altura da entrega dos diplomas, a maioria está contente e ouve-se, algures, uma voz excitada: “Antes achava que queria vir para aqui estudar, agora estou convencido!”. A resposta não se faz esperar: “Graxista, pá”.

João, com 14 anos, é já um repetente nestas andanças. Veio na segunda semana – dedicada aos mais novos – da edição de 2012 e gostou tanto que “teve que repetir”. “O meu objetivo principal quando acabar o secundário é vir para o Técnico”, explica, e o curso já está escolhido: Engenharia Física e Tecnológica. Por isso mesmo, aproveita todas as oportunidades para conhecer cada vez melhor a Escola. “Além de tudo o resto, as actividades estão muito bem feitas. Muitas mudaram, do ano passado, e estou a gostar imenso”.

No grupo em que está inserido a diversidade é grande: muitos querem vir para o Técnico, mas alguns só querem saber como as coisas funcionam. Alguns são de Lisboa, mas a maioria vem de fora e está alojada no Aquartelamento da Academia Militar da Amadora. Há os tímidos, os brincalhões e os ‘rufias’, mas todos parecem dar-se bem logo no final do primeiro dia.

Entramos numa actividade que se desenrola no Taguspark, ‘Do rádio às comunicações por satélite’, onde todos estão entretidos a soldar placas de hardware. “Já soldaste alguma coisa?”, ouve-se. “Já, em casa, com a minha mãe…”. Podia pensar-se que seria uma estreia, mas aqui há de tudo. O que não falta, no entanto, é competição – o primeiro grupo a conseguir dar música à sala (um tema de Rihanna irrompe pelos ares) esboça sorrisos. “Elas são sempre as primeiras”, diz Inês, a monitora.

Ao mesmo tempo, no laboratório de Ciências Biológicas, outro grupo tenta descobrir o culpado de “um crime horrível que ocorreu no laboratório”. Equipados a rigor, com luvas e óculos de proteção, os futuros engenheiros tentam identificar fungos e extrair ADN para desvendar o mistério. Apesar do espaço apertado, parecem estar animados. As únicas queixas são com o calor, que não dá tréguas.

Uma das atividades que mais sucesso tem, durante toda a semana, é dedicada à robótica: em ‘Faz um robô inteligente que aprende contigo’ tentam programar um robô para seguir uma linha cheia de curvas. Com recurso à tradicional técnica do ‘tentativa e erro’, têm que indicar os valores para a velocidade, a rotação das rodas… e quando é que tudo deve acontecer. “Esta curva é demais”, exclama um rapaz, de sorriso aberto enquanto vê o seu robô a seguir toda a linha e voltar ao ponto de partida. “Agora só temos que ajustar ali aquela segunda parte.”

Na sexta-feira, debaixo de um sol abrasador, é finalmente tempo de lançar os mini-foguetões que construíram no pavilhão de civil, com ajuda da APAE – um dos núcleos de estudante do IST. “E3! Agora é o E3!”, grita Bernardo, responsável pelo lançamento. “Três, dois, um…” e nada acontece. Uma gargalhada geral interrompe o silêncio expectante que reina na Alameda do Técnico. “Três, dois, um…”, nada.

O cenário repete-se ainda uma terceira vez, até que finalmente é tomada a decisão de mudar de foguetão. À primeira contagem, o som de um rastilho a pegar fogo espalha-se no ar e lá vai ele. “Vai cair mesmo aqui, vai cair mesmo aqui!” Depois de alguns segundos no ar, o ‘corpo’ do foguetão aterra bem no meio do passeio. Algum tempo depois, o paraquedas faz o mesmo.

É um alívio para todos, que encerram com chave de ouro a semana passada no Técnico. Falta só lançar os outros – mas nem todos, porque “não estão completamente estáveis” – e seguir para o Salão Nobre, onde todos os 230 participantes recebem o diploma de participação. O clima é de festa quando Diogo Henriques faz o discurso final: “Obrigada a todos… espero ver-vos daqui a algum tempo, no vosso primeiro dia no Técnico”.

O Verão na Técnica é um programa de Verão da UTL, que oferece sete programas diferentes – no IST, Faculdade de Medicina Veterinária, Instituto Superior de Agronomia, Instituto Superior de Economia e Gestão, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Faculdade de Motricidade Humana e Faculdade de Arquitectura – aos jovens do 7º ao 9º e do 10º ao 12º para experimentarem a Universidade. A primeira semana é dedicada aos mais velhos e, de 8 a 12 de julho, aos alunos do 3º ciclo.[:]

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