[:pt]”Percebi que queria aprender muito mais do que só o que tínhamos no nosso mundo”[:]
Alice Bowman, Mission Operations Manager (MOM) da New Horizons, esteve no Técnico na última quarta-feira para uma palestra intitulada “Reaching for New Horizons”, onde falou sobre o seu percurso e a missão espacial que “redescobriu” Plutão e permitiu que a NASA, na última quinta-feira, afirmasse que o planeta-anão tem água e um céu azulado.
“Quando era criança estávamos em plena corrida à Lua – quase todos os dias podíamos ler notícias sobre uma coisa nova ou os preparativos para o lançamento. Quão entusiasmante seria se conseguíssemos enviar o homem à Lua?”: é assim que a cientista do Laboratório de Física Aplicada da Universidade John Hopkins, nos Estados Unidos, começa a apresentar-se. Ela que diz que “desde sempre” quis uma carreira excitante, tecnicamente desafiante e que não fosse o mesmo todos os dias.
“Pouco tempo depois de entrar na universidade percebi que queria aprender muito mais do que só o que tínhamos no nosso mundo”, continua. Foram os primeiros passos que a levaram até à New Horizons, como a primeira mulher no comando operacional de uma missão da NASA, à redescoberta de Plutão (a maior aproximação do planeta anão foi a 14 de julho deste ano) e a uma missão que se tornou “o seu bebé”.
Às centenas de alunos presentes no Salão Nobre, Alice Bowman lembra que foi “preciso pensar fora da caixa: desafio-vos a fazer o mesmo”. “Há muitas coisas em que pensar quando trabalhamos numa missão desta dimensão. Temos que ter muitas pessoas, e diferentes, para fazer com que isto resulte – e têm que estar comprometidas e disponíveis para esperar. Nada acontece rápido quando estamos a trabalhar a esta distância.”
Além disso, há outras particularidades numa missão que, até agora, leva nove anos e meio de duração: “Quando fizemos o lançamento, Plutão era um planeta com três luas; depois disso foi despromovido a planeta-anão e descobriu-se que faz parte de uma terceira parte do sistema solar. As pessoas perguntaram-me se íamos abortar a missão, e a minha resposta sempre foi «claro que não!»”.
Se a aproximação a Júpiter (a quem a New Horizons “roubou” alguma velocidade para atingir Plutão mais cedo) tinha sido o momento alto da missão até ao início deste ano, a aproximação a Plutão mudou isso: “Acho fantástico que todo o mundo tenha partilhado este momento”, explica Bowman. “É incrível que tenhamos criado instrumentos que nos permitem obter estas imagens tão longe da Terra.”
“O mais inesperado nesta missão? Tudo foi uma descoberta”, disse ainda, antes de garantir que o mais importante é a equipa por detrás da New Horizons: “Eu estou sempre ‘on call’, a missão é o meu bebé, mas devo muito à minha equipa. Eles são fantásticos no que fazem e isso reduz muito o meu stress”.
No final da sessão, organizada pelo American Corners, uma parceria entre o Técnico e a Embaixada dos Estados Unidos em Portugal, a cientista aproveitou para deixar um conselho aos presentes (muitos deles estudantes de Física e Engenharia Aeroespacial): “Encorajo-vos a continuarem os vossos estudos; podem ser difíceis e desafiantes, mas vão valer a pena.”
Algumas notícias sobre a passagem de Alice Bowman pelo Técnico podem ser lidas aqui e aqui.[:]