[:pt]ThermoCup enche Civil para uma avaliação diferente[:]
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Dois dias depois, o rebuliço que ocupou o átrio do Pavilhão de Civil chegou ao fim. A ThermoCup, competição de barcos a vapor, que juntou 450 alunos de quatro cursos diferentes do IST, e ainda cerca de três dezenas de estudantes da Escola Secundária José Gomes Ferreira (ESJGF) – as 11 melhores equipas da escola lisboeta – chegou ao fim.
O desafio era simples: como parte da avaliação da cadeira de Termodinâmica I, os alunos – em equipas de três elementos – deviam construir um mini-barco a vapor, onde “não há hélices, motores, nem nada do género”, como explicou o professor Edgar Fernandes, organizador do projeto, patrocinado pelo programa Ciência Viva.
“A energia provém apenas de uma vela, de uma chama ou de outra fonte de calor, e isso provoca algum ceticismo”, continua o docente do IST. Até chegarem à Grande Competição que decorre nas piscinas montadas no Pavilhão de Civil, os alunos tiveram que pensar e construir o seu barco e fazer uma apresentação do mesmo, ao estilo TED Talk.
O resultado foram dois dias (1 e 17 de Junho) em que o átrio esteve repleto de barcos – de aspeto mais ou menos tradicional –, alguidares, piscinas, fósforos, muita água e rostos mais ou menos ansiosos: afinal, toda a encenação “conta para a nota”.
No meio da multidão que esperava, entusiasmada, pela sua vez, alguns rapazes e raparigas de expressão mais receosa destacam-se. São os grandes representantes da ESJGF que, depois de no início de maio terem sido também eles avaliados (no contexto da disciplina de Físico-Química), vêm ao Técnico mostrar do que são capazes. E, pelos vistos, são capazes de muito, com duas das equipas a ficaram no ‘top 10’ dos barcos mais velozes a completarem o percurso. Menos sorte teve a equipa vencedora da Escola, que no IST não foi capaz de pôr o barco a funcionar.
Ainda assim, a experiência é claramente apreciada pela maioria dos alunos, tanto do Técnico como da ESJGF. Entre os mais velhos há quem assuma que “a teoria da Termodinâmica não ajuda muito”. “O Youtube é bom conselheiro”, afirma um aluno, a rir. “Pelo menos foi a partir daí que construí o meu barco…” A estratégia parece ser comum a muitos dos ‘competidores’, incluído os mais novos. “Passei muito tempo a ver vídeos na Internet para construir o Feroz [nome que deu ao seu modelo] ”, confidencia outro estudante, desta feita da ESJGF.
Com mais ou menos ajuda ‘externa’ à escola, os resultados não podiam ser mais diferentes. Algo que já era esperado pelo professor Edgar Fernandes, no início da competição: “Aqui há de tudo. Mais do que outra coisa, gostava de os ver bastante empenhados”, diz. O vencedor indiscutível foi dos primeiros a competir no dia inaugural, e com 11 segundos (e qualquer coisa), chegou ao final da prova insuperado.
Pelo caminho, ficaram muitas outras miniaturas: alguns dos barcos incendiaram-se, outros começaram a derreter com o calor das chamas, alguns ‘motores’ (que não o são, exatamente) nunca chegaram a aquecer o suficiente, outros decidem parar a meio do caminho.
Seria um bom jogo, apostar naqueles que – mais ou menos coloridos, mais parecidos a uma lança da polícia ou a um qualquer inseto aquático, com maior ou menos tripulação (algumas das tradicionais figuras de LEGO apanharam boleia para a competição) – chegam ao fim em menor tempo. Como uma espécie de roleta russa para quem não está por dentro do assunto.
Depois de todas as equipas terem completado – ou tentado completar – o percurso pela primeira vez, há ‘piscina aberta’ para todos, e agitação cresce ainda mais. Com o público a torcer a favor ou contra os colegas – “Bolas, aquele fez 20 segundos, já descemos para o 79º lugar” – a animação é total.
A dada altura, ouve-se uma enorme salva de palmas. “Foi difícil”, mas finalmente o barco de uma das equipas chegou ao fim. Fez 81 segundos, muito longe das primeiras (e das medianas) posições, mas depois de tanto esforço, cruzar a meta é uma vitória. E a nota, bem, “essa logo se vê”.[:]